COMO EVITAR O ESTRESSE PELO CALOR EM ANIMAIS EXÓTICOS?
- Rede Animale

- 15 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de jun. de 2020

Com o final do ano e o verão se aproximando no Brasil, com dias quentes e escaldantes, há um aumento considerável de animais silvestres e exóticos atendidos em clínicas veterinárias especializadas no atendimento desses animais. Muitas vezes ocorrem erros graves de manejo, sendo os animais expostos aos raios solares, ou permanecem em ambientes fechados sem ventilação adequada, com temperaturas muito elevadas (acima dos 28ºC) e umidade acima de 70%, podendo ocorrer, inclusive, falhas nos mecanismos de termorregulação desses animais. A obesidade, a falta de água e a superpopulação de animais em um espaço reduzido, que causam estresse, agravam o quadro clínico.
Nessa estação, os atendimentos mais frequentes que ocorrem nas clínicas são com espécies de pequenos mamíferos exóticos, que são mais sensíveis em relação a umidade e a temperatura do ambiente. Dentre as espécies mais vulneráveis estão os lagomorfos (coelhos) e os roedores: cobaia (porquinho-da-índia), hamsters e chinchilas.
Esses animais acabam chegando em situações de emergência clínica para os médicos veterinários, que devem agir rapidamente, pois muitas vezes o tutor acaba notando os sintomas e as mudanças de comportamento do seu pet tardiamente. Dentre os sinais clínicos apresentados pelos animais em situação de estresse calórico, como os vivenciados na Clínica Rede Animale e os apontados pela bibliografia especializada, estão a dispnéia (dificuldade para respirar), com respiração ofegante, ruidosa e pela boca, além de apresentarem hipersalivação (boca, queixo, patas e peitos molhados), fraqueza, depressão, incoordenação, falta de apetite, temperatura retal acima de 40,5ºC, podendo chegar a infertilidade nos machos e aborto nas fêmeas gestantes, além de estase gastrintestinal, anorexia, convulsões e coma que podem levar o animal ao óbito em poucas horas se não tratado adequadamente.
Geralmente o diagnóstico é presuntivo pelos sinais clínicos e pela anamnese (consulta clínica) e o prognóstico é firmado conforme a gravidade do caso.
Uma dica seria ter um termômetro e um higrômetro (medidor de umidade) no local em que o animal se localiza, além de climatizar o ambiente com a temperatura ideal para cada espécie animal, usar um azulejo de cerâmica resfriado como substrato, oferecer legumes e verduras úmidas, manter toalhas úmidas próximas aos animais e garrafas pet´s com água congelada pelo local que o animal vai permanecer em dias quentes.
Existem os tutores engajados e preocupados com os seus animais, que pesquisam e respeitam as leis e as necessidades das espécies. Esses tutores estudam os hábitos das espécies desejadas antes mesmo de adquirirem os animais, e estão sempre atentos a alimentação, manejo correto, enriquecimento ambiental e bem-estar animal. Todavia, esse preparo ainda é a exceção entre os tutores, pois é grande o número de consultas em veterinários em decorrência de erros de manejo e cuidado para com o animal adquirido. Esses erros acabam ocasionando situações de estresse extremo nos animais, causando diversas patologias, muitas vezes irreversíveis, chegando até mesmo ao óbito.
Por conseguinte, a consulta ao médico veterinário que atenda animais silvestres e exóticos se mostra imperioso para salvaguardar o bem-estar das espécies.
Gabriela Moraes Lindemayer
CRMV/RS 16.374
Médica Veterinária Responsável da Clínica Veterinária Rede Animale, localizada na Av. Açucena 1413, em Canoas, Rio Grande do Sul.



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