O meu pet pode ter Alzheimer?
- Rede Animale

- 3 de ago. de 2020
- 2 min de leitura

Os cães e gatos se tornaram membros da família, com essa aproximação e cuidados, suas vidas estão sendo prolongadas. Talvez seja doloroso de aceitar, mas eles também envelhecem e apresentam doenças decorrentes da idade.
Além das patologias mais comuns e de fácil diagnóstico como tumores, insuficiência cardíaca e distúrbios endócrinos, as alterações de comportamento nos animais idosos acontecem com certa frequência e, quando diagnosticadas por um médico veterinário, também podem ser tratadas.
Semelhante ao que acontece aos humanos com Alzheimer, os pets podem apresentar a Síndrome da Disfunção Cognitiva (SDC), uma doença neurológica e degenerativa que acomete os animais idosos. No entanto, nem todos os cães e gatos idosos são igualmente afetados pela doença que pode ter sinais clínicos variados e graus de déficit cognitivo diferentes.
Tanto nos animais quanto nos humanos, o fator que dá início ao processo degenerativo ainda não está bem elucidado, porém diversos estudos mostram as principais alterações degenerativas que desencadeiam os sinais clínicos. As alterações são:
Dano oxidativo e redução da função mitocondrial
Distúrbios vasculares no sistema nervoso central
Formação de placas senis
Atrofia cerebral e perda de neurônios
O diagnóstico é feito, principalmente, através do relato das alterações de comportamento feito pelos tutores. Como citado anteriormente, os sinais clínicos são bastante variáveis, por isso, alguns estudiosos criaram o sistema DISHAAL para auxiliar no diagnóstico. O sistema é um acrônimo em inglês que traduzido ficaria da seguinte forma:
D = desorientação e confusão espacial: Perder-se dentro de casa ou quintal, olhar fixo no espaço, ficar preso em cantos ou objetos, andar sem propósito.
I = interações e relacionamentos sociais: Redução na frequência ou intensidade da interação com os tutores e outros cães, agressividade.
S = sono-vigília alterados: Dormir mais durante o dia e ficar a noite acordado, podendo vagar, chorar, vocalizar, arranhar o chão.
H = memória: Urinar e defecar em locais inapropriados.
A = atividade: Diminuição/aumento da atividade e interação com brinquedos.
A = ansiedade: Vocalização, inquietação, agitação, fobias, comportamento compulsivo.
L = aprendizado: Redução da resposta a comandos ou tarefas aprendidas anteriormente.
O diagnóstico ainda pode incluir alguns exames para exclusão de outras patologias que causem alterações de comportamento como tumores no sistema nervoso central, doenças autoimunes e endocrinopatias.
A detecção precoce da disfunção cognitiva aumenta muito as chances de sucesso da terapia que consiste em reduzir a evolução da doença e melhorar a qualidade de vida do animal idoso. O manejo ambiental é utilizado tanto no tratamento quanto na prevenção da doença. O enriquecimento ambiental é uma ótima forma de estimulação mental, além disso, manter uma rotina diária pode ajudar com os problemas de eliminação em local inadequado. Outro aspecto relevante é o manejo nutricional com a inclusão de suplementos antioxidantes na dieta, eis que também pode ser utilizado para prevenir a disfunção cognitiva uma vez que um dos fatores que levam ao aparecimento dos sinais clínicos é o dano oxidativo nos neurônios. Alguns casos em que a doença já apresenta sinais avançados de perda da cognição, se faz necessário o uso da terapia farmacológica, principalmente nos casos em que há alteração do clico de sono-vigília.
Frequentemente, a doença só é diagnosticada em estágios bastante avançados por isso, ao notar qualquer alteração de comportamento no seu animalzinho pode contar com a equipe da Rede Animale.
Gabriela Behnck
Médica Veterinária



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